Liberdade: um direito inegociável. Dignidade: um princípio inalienável. Lugar: todo o mundo.
No dia 30 de julho, o mundo se une para lembrar, denunciar e lutar contra uma das mais graves violações de direitos humanos da atualidade: o tráfico de pessoas. Instituída pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 2013, esta data é um chamado global à ação e à conscientização sobre as dimensões humanitárias, econômicas, políticas e sociais desse crime que atinge, silenciosamente, milhões de pessoas todos os anos. Segundo dados do Relatório Global sobre Tráfico de Pessoas publicado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC, 2022), mulheres e meninas representam 65% das vítimas identificadas, enquanto homens e meninos são explorados majoritariamente em regimes de trabalho forçado, tráfico para fins de exploração sexual, servidão e até remoção de órgãos.
O CAMI – Centro de Apoio e Pastoral do Migrante, com sede em São Paulo, atua há 20 anos como sentinela da liberdade e da dignidade de milhares de pessoas em contextos de imigração, refúgio, deslocamento forçado e exploração. A organização, referenciada no Brasil e na América Latina, tem como compromisso inegociável o combate ao tráfico de pessoas, em todas as suas formas e manifestações, por meio de acolhimento humanitário, atendimento jurídico, psicossocial e campanhas públicas de prevenção e conscientização. Suas ações estão fundamentadas na Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), na Lei Brasileira de Migração (Lei 13.445/2017), no Protocolo de Palermo (2000) e no próprio Regimento Interno do CAMI, que afirma no Art. 2º, inciso III, a promoção da defesa dos direitos humanos e o enfrentamento a todas as formas de opressão.
A luta do CAMI também é pedagógica e política. Através de oficinas, cursos profissionalizantes, eventos formativos e articulação com outras entidades da sociedade civil e do poder público, a instituição busca romper as cadeias invisíveis que sustentam o tráfico humano: o racismo estrutural, o machismo, a xenofobia, a exploração econômica e a negligência estatal. “Tráfico de pessoas é a escravidão do século XXI”, afirma a diretora-geral do UNODC, Ghada Waly, em relatório recente (UNODC, 2023). É exatamente por isso que o CAMI reafirma que liberdade não se negocia, dignidade não se parcela, e todos os corpos e vozes pertencem a todo lugar do mundo – não como mercadoria, mas como cidadania plena.
Neste 30 de julho, mais do que uma lembrança, fazemos um chamado: à sociedade, às lideranças públicas, às empresas, às igrejas, universidades e coletivos, para que atuem de maneira proativa no combate ao tráfico de pessoas. O silêncio e a omissão também alimentam essa cadeia. O CAMI disponibiliza canais de escuta e denúncia seguros, com confidencialidade, em sua página institucional, e convoca todas as pessoas a conhecerem, divulgarem e fortalecerem suas ações. Porque lutar contra o tráfico humano é lutar por um mundo onde nenhuma pessoa precise mais fugir, temer ou se esconder para ser livre. Porque migrar é um direito humano. E todo ser humano tem o direito de ser livre em qualquer lugar do mundo.
Fontes consultadas:
- UNODC – United Nations Office on Drugs and Crime. Global Report on Trafficking in Persons 2022.
- ONU Brasil. https://brasil.un.org/pt
- Organização Internacional para as Migrações – OIM (IOM.int)
- CAMI – Regimento Interno, versão atualizada e expandida 2025
- Lei 13.445/2017 – Lei de Migração Brasileira
- Protocolo de Palermo (2000) – Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional